Porque é que precisamos uns dos outros?

Tempo de Leitura: 5 min

Porque precisamos uns dos outrosPorque é que precisamos uns dos outros?

O João vive sozinho, mas é socialmente muito activo. Tem muitos amigos com quem passa muito tempo e vê com frequência. No entanto, sente-se triste e decepcionado porque as suas amizades não parecem dar resposta às suas necessidades. Ele não sente que tenha uma conexão com os outros e um sentimento de satisfação. Apesar da sua vida social ocupada, sente-se sozinho e solitário.

O Luís vive sozinho e tem dois amigos íntimos que vê ocasionalmente. Quando se encontra com eles, diverte-se a conversar sobre determinados eventos e desportos, bem como pensamentos e sentimentos que cada um tem em relação às suas vidas. Quando não está no trabalho ou na companhia dos outros, o Luís não se sente sozinho porque passa o seu tempo envolvido em actividades que lhe interessam e que lhe dão energia.

Revê-se na história do João ou do Luís? Geralmente, o isolamento é uma condição resultante de um estado de solidão. Se gostaríamos de ter mais relacionamentos interpessoais do que os que realmente temos, podemos desenvolver sentimentos de solidão.

No entanto, não é o número de relações sociais que determina se nos sentimos sozinhos. Pelo contrário, são as reações emocionais e cognitivas que experienciamos quando nos conectamos aos outros que determinam o sentimento de solidão. Por exemplo, podemos sentir sinais de solidão quando reparamos que o seguinte está presente no quotidiano das relações sociais: desconfiança, conflito emocional ou falta de apoio social.

O João e o Luís vivem sozinhos e têm amigos; no entanto, aquele com uma vida social mais activa sente-se solitário. Porquê? Estar sozinho pode trazer tristeza ou um sentimento de desesperança, ou pode trazer algo diferente, como crescimento espiritual e criativo, reintegrando a saúde e a energia. Os relacionamentos do João não parecem dar-lhe o que ele precisa ou deseja – um gozo ou um propósito – e, portanto, sente-se desprovido de conexão e, talvez isso o faça querer relacionamentos que sejam mais gratificantes. Por outro lado, o Luís parece beneficiar das interacções que mantém com os amigos e também passa algum tempo sozinho. Além disso, parece não querer ter mais conexões interpessoais.

Não sabemos muito sobre o João e o Luís, quem eles são enquanto pessoas. No entanto, sabemos que as seguintes características podem estar associadas à solidão: timidez, baixa autoestima, isolamento social.

Sentir-se sozinho é normal; para alguns, pode ser muito assustador e destrutivo. No mínimo, dói. A solidão também pode tornar-se algo que traz consequências severas em termos físicos e mentais, tais como: isolamento social, depressão, abuso de substâncias, perturbações do sono e alteração do apetite, pensamentos e comportamentos auto-destrutivos e os sistemas imunitário e cardiovascular são prejudicados.

SolidãoPor isso, o tratamento nestes casos é direcionado para o aumento das interações sociais da pessoa, dando-lhe ferramentas sociais e oportunidades para as colocar em prática. Em terapia, também pode ser útil modificar os pensamentos negativos que temos acerca dos outros e das relações sociais. O grau de solidão pode ser diminuído, ajudando-nos a perceber como a forma como vemos o mundo à nossa volta pode ser prejudicial para nós, perpetuando, assim, os nossos problemas.

Nós, enquanto seres humanos, por necessidade, evoluímos como seres sociais. A dependência e a cooperação entre nós aumentaram a nossa capacidade de sobreviver em circunstâncias ambientais adversas. Embora as ameaças de sobrevivência destas circunstâncias tenham diminuído no mundo de hoje, continuamos a ter a necessidade de nos ligarmos um aos outros.

Na nossa era digital avançada, uma das preocupações predominantes em relação à solidão é como nos tornamos menos cuidadosos com os outros, já que anteriormente, a nossa própria sobrevivência dependia dos relacionamentos de confiança e de entreajuda. Fundamentalmente, não importa o quão tecnologicamente sofisticados nos tornemos; a conexão emocional continua a ser uma parte essencial do ser humano. Precisamos uns dos outros – talvez não da forma que nos caracterizou evolutivamente, mas por uma necessidade que permanece essencial para a sobrevivência psicológica.

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8 de Agosto, 2020

Verdade… precisamos de expressar os sentimentos, interagir com pessoas…é muito ruim pensar só no “eu”… pessoas precisam uma das outras para viverem bem.

Bia
30 de Julho, 2020

Perfeito!

Anonymous
4 de Abril, 2020

CONCORDO COM O TEXTO QUE ESTAR ACOMPANHADO OU ACOMPANHADA FAZ BEM PRO CORAÇÃO…E ESTAR SÓ FAZ MAL…

SALOMÃO SOUSA CARVALHO.
9 de Março, 2020

È verdade me identifiquei com alguns itens como;pertubação do sono, e imunidade baixa.

Maria Irenilce de Lima
4 de Janeiro, 2020

É importante falar-se nestes assuntos. A solidão é realmente um assunto bastante doloroso, contudo ainda representa um Tabu na nossa sociedade, pois muitas vezes as pessoas são mal interpretadas, outras nem sequer aceitam a diferença – “pois o meu caso é que é normal! – dizem!!

Assim, gostei muito do facto de terem apresentado dos casos distintos sobre o mesmo tema, para que a sociedade comece a entender que não somos um rebanho de carneiros que correm todos para o mesmo local. «Até a ovelha choné salta fora do rebanho e as conduz para novas aventuras :)»

Muito obrigada por este artigo.

MCosta
Cristiana Pereira
Cristiana PereiraPsicóloga Clínica
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2019-12-19T18:13:44+00:0013 de Dezembro, 2019|
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