Que relação existe entre a ansiedade e as perturbações alimentares?

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Que relação existe entre a ansiedade e as perturbações alimentares?

Que relação existe entre a ansiedade e as perturbações alimentares?Mais de 90% dos casos de bulimia, anorexia ou alguma combinação das duas, são mulheres jovens em idade da adolescência. Num estudo realizado nos EUA, concluiu-se que existe um factor importante na vulnerabilidade face a estes quadros clínicos: a ansiedade.

De acordo com o psiquiatra Walter H. Kaye, da Universidade de Pittsburgh, a maioria das pessoas com distúrbios alimentares apresentou algum tipo de ansiedade clínica, como a perturbação obsessivo-compulsiva ou ansiedade social em algum momento da sua vida, sendo que, 42% desenvolveu uma perturbação da ansiedade quando era criança, antes da perturbação alimentar.

“Identificámos uma forte ligação entre as perturbações de ansiedade e as perturbações alimentares, que não só têm em comum muitos dos traços de personalidade, mas também são propensos a partilhar um caminho genético”, referiu o Dr. Kaye, com base num estudo de 672 participantes. Este estudo revela que, para existir um bom prognóstico para os que sofrem deste quadro clínico, é necessário desenvolver estratégias, não só para lidar com o comportamento alimentar, mas também para lidar com a ansiedade subjacente.

Além disso, verificaram que a ansiedade das mulheres se manteve depois do tratamento da perturbação alimentar. A taxa normal de ansiedade em mulheres saudáveis varia entre 13 a 30%, em comparação com 66% das que sofrem de alguma perturbação alimentar. Aqueles que não tinham critérios suficientes para o diagnóstico de uma perturbação de ansiedade, apresentavam algumas características relevantes de ansiedade generalizada e perfeccionismo.

Os níveis de ansiedade foram semelhantes para os três subtipos de perturbações alimentares: anorexia, bulimia e anorexia e bulimia combinadas. No entanto, duas perturbações de ansiedade foram particularmente associadas às perturbação do comportamento alimentar: perturbação  obsessivo-compulsiva com 41% e fobia social com 20%. Por isso, os investigadores concluíram que, de facto, a frequência da perturbação obsessivo-compulsiva em pessoas que sofrem de uma perturbação alimentar é bastante relevante. 

Com isto, podemos dizer que a ansiedade não é um tema que não mereça a nossa atenção, já que pode ser um factor precipitante no desenvolvimento de uma outra perturbação, como a do comportamento alimentar, por exemplo. Felizmente, temos a boa notícia de que estas problemáticas têm diversas soluções, pelo que é possível voltar a encontrar o seu bem-estar.

Cristiana Pereira
Cristiana PereiraPsicóloga Clínica
2018-11-12T19:05:24+00:0018 de Novembro, 2018|
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