Vá de retro … Procrastinação!

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Vá de retro ... Procrastinação!Vá de retro … Procrastinação!

Em contexto terapêutico surge com frequência o tema da procrastinação e por vezes como queixa principal. No entanto ocupa muitos e diversos contextos. Estima-se que 70% da população apresenta sinais de procrastinação. Destes,  20% admitem que adiam, de forma crónica, tarefas importantes. É como se houvesse um “ladrão” que nos roubasse o tempo e afectasse o nosso dia a dia. Um estudo conclui que cada um de nós procrastina mais de 2h por dia. Já viu a perda de tempo? Mas como é que este “adiamento irracional” se tornou tão generalizado? E sim,  surge muitas vezes como o evitamento frequente de situações que provocam ansiedade, dificultando todo o processo de tomada de decisão (aparecendo por exemplo na Perturbação de Ansiedade Generalizada e na Depressão).

Referências à procrastinação podem ser encontradas em documentos militares da antiga Roma e Grécia ou mesmo em textos religiosos. A procrastinação tem-nos vindo a atormentar desde o início da civilização e não parece que venha a desaparecer tão cedo. As questões relacionadas com a procrastinação e a falta de auto-controlo têm, pelo contrário, vindo a aumentar.

O trabalho nas empresas está atualmente cada vez menos estruturado, cada um de nós tem mais liberdade para organizar e planear a sua actividade do dia a dia o que significa que temos que nos auto-regular e auto-estruturar. Quanto menor é a estruturação das tarefas e actividades,  maior é a oportunidade de procrastinar. Para além disso a disponibilidade e acessibilidade de tentações e distrações (jogos de computador, internet e redes sociais, sms…) ajudam a agravar as questões relacionadas com a procrastinação. Há cada vez mais estímulos e actividades agradáveis e tentadoras a competir pela nossa atenção.

Mas o que impede os procrastinadores de conseguirem fazer as coisas?  O que os impele a adiar a realização das tarefas?

Uma equipa de pesquisa da Universidade de Calgory salienta que os pilares da procrastinação se baseiam na tendência natural do ser humano de valorizar o AMANHÃ, muito mais do que o HOJE.

“Sabe qual é o dia mais ocupado de quem procrastina? É sempre… amanhã”

Procrastinar é o acto de substituir acções prioritárias por tarefas de menor prioridade ou seja adiar tarefas importantes para mais tarde. Acabar  simplesmente por favorecer umas em relação às outras. A procrastinação é uma “prevalente e perniciosa falha na auto-regulação” (Steel 2007)

Então como podemos domesticar os nossos instintos procrastinadores?

De acordo com  Piers Steel da University of Calgary, (tendo por base  algumas teorias da Motivação em que introduziu o Tempo como um elemento fundamental)  há 4 elementos essenciais  na procrastinação  e consequentemente outras tantas formas possíveis de lutar contra ela. 

Os que nos leva ao constante “adiamento irracional”  tem uma elevada relação com as característisticas da tarefa e a forma como estão em jogo os seguintes aspectos: as Expectativas, o Valor,  a Impulsividade e o Tempo.

As Expectativas positivas em relação ao futuro podem reduzir fortemente a procrastinação. Esperar concluir uma tarefa facilmente, faz com que seja menos provável que esta vá ser posta de parte. Se esperamos bons resultados tendemos a não adiar. Queremos usufruir da recompensa deste sucesso tão depressa quanto possível.  As expectativas alteram-se predominantemente com a experiência e o sucesso alcançado na concretização das tarefas é mais provável que as torne menos “procrastináveis”no futuro. Mas, o inverso também é verdadeiro.  Aquilo em que acreditamos é de tal forma poderoso que  afecta directamente as nossas expectativas. Permanecer otimista, mesmo num tempo de incerteza ajuda a reduzir a procrastinação.

Um outro elemento essencial é o Valor. Quanto maior for o Valor da tarefa ou do objectivo menor é o impulso para procrastinar. Temos tendência para adiar mais as tarefas de que não gostamos ou que são aborrecidas. A aversão à tarefa é quase auto-explicativa. Queremos evitar estímulos desagradáveis e por isso quanto mais aversiva é a situação mais tendemos a adiá-la, isto é,  a procrastinar. O grau de aversão à tarefa depende de características individuais mas,  de uma forma geral, se as pessoas consideram uma tarefa desagradável é mais provável que a ponham de lado. 

Mas não só das Expectativas e do Valor vive a Procrastinação!

Um ambiente que favoreça a Impulsividade apela e aumenta a procrastinação. Quanto mais longe estivermos das distrações menos provável será que nos desviemos das tarefas mais importantes que temos que concluir. Se estivermos num espaço específico para trabalhar, livre de distrações estaremos a promover automaticamente a eficiência.

E o Tempo, o que tem a ver com tudo isto?

Quanto mais Tempo tiver para a concretização da tarefa, quanto mais longe  estiver o deadline,  a recompensa ou a punição,  mais provável é que procrastine. Tendemos a favorecer as tarefas que são mais gratificantes a curto-prazo .

Para além destes aspectos relacionados com as tarefas temos ainda os aspectos relacionados com as nossas características individuais. Algumas pessoas são mais procrastinadoras que outras. Tem um baixo auto-controle, distraem-se facilmente e são impulsivas. Crenças irracionais e perfeccionismo são umas das maiores causas da procrastinação. Uma baixa auto-estima, falta de confiança em si e o receio do insucesso, a letargia e a pouca energia tornam as tarefas mais difíceis de concretizar. 

Adiar, adiar, adiar é uma das formas mais seguras de evitar o sucesso na vida e de nos sabotarmos a nós próprios. Atrás disto vem a culpa, a diminuição da auto-estima, o medo e insegurança que têm impacto no resultado e comprometem o sucesso do desempenho que prejudica e reforça a baixa auto-estima que faz perder a confiança e que ….. uma “pescadinha de rabo na boca”. 

Conhecendo os factores  que estão em jogo na procrastinação podemos usá-los a nosso favor e ultrapassá-la enquanto hábito enraizado. Embora não possamos acrescentar mais horas ao nosso dia podemos utilizar o tempo com sabedoria e atingir o mesmo resultado. Mais tempo livre para fazermos o que nos dá prazer, estar com a família e os amigos, aproveitar o sol, caminhar à beira mar ou simplesmente estar no chat com os amigos.

Como? Continue comigo em  “Assuma o controlo AGORA”!

Cristina Sousa Ferreira

Cristina Sousa Ferreira
Cristina Sousa FerreiraPsicóloga Clínica

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