Internet – um bem ou um mal?

Tempo de Leitura: 7 min

Ineternet-um bem ou um mal?Hoje em dia parece que vivemos ligados à Internet

Seja através das redes sociais, para pesquisar informação, ver filmes, fazer reuniões ou contactar com familiares ou amigos que estão longe. Será que é excessivo? E será que afecta a nossa saúde mental?

 Que lhe parece?

A Internet é uma ferramenta útil para educação, trabalho, interacção social e entretenimento, mas, como em tudo na vida, em doses equilibradas. A Internet não substitui o aqui e agora do contacto com os outros, das brincadeiras com os filhos no chão, do jogos de tabuleiro, das conversas ou discussões presenciais, dos toques e abraços, não lhe parece?

A laranja também faz bem à saúde, mas não substitui outros alimentos cujos nutrientes são fundamentais para a nossa saúde.

A Internet emociona?

Já que falamos de saúde quantas vezes pesquisa na internet justificação para as suas dores de cabeça, de costas ou mesmo para a azia com que ficou ao jantar? Em que resulta muitas vezes? Na identificação dos seus sintomas com uma diversidade de doenças, no medo de uma doença grave e até mesmo numa enorme ansiedade até ir ao médico. Bonito serviço este, não? Preocupações desnecessárias!

E quando lê, pesquisa e se foca principalmente nas notícias sobre os crimes na cidade, a violência doméstica, o impacto ambiental de fábricas e poluição, como se sente? Podemos dizer que uma variedade de emoções pode surgir desde a tristeza,  à ansiedade ou à zanga.

Informe-se, mas não se foque exclusivamente em aspectos negativos. Felizmente ainda há muitas coisas boas nesta vida e tristeza, ansiedade e zanga nem sempre o mobilizam para um contributo de melhoria que esteja nas suas mãos.

A Internet faz bem à sua vida social?

O uso da internet e das redes sociais trouxe a proximidade para quem está longe, coloca as pessoas à distância de um clique e permite-nos acompanhar a família e amigos. No entanto vários estudos demonstraram que o uso excessivo das redes sociais pode levar a sentimentos de depressão e dependência em algumas pessoas. Nas redes sociais procuramos afirmação, aceitação e reconhecimento e consciente ou inconscientemente comparamos a nossa vida à dos outros. Quem nunca fez isso que levante o braço? Pois, poucos de nós podem atirar a primeira pedra.

Embora a tecnologia on-line possa facilitar um comportamento puramente positivo (por exemplo, doações para caridade) ou um comportamento puramente negativo (por exemplo, cyberbullying), ela parece afectar a sociabilidade (ao permitir uma compreensão mais profunda dos pensamentos e sentimentos dos outros) de três maneiras:

  • Beneficia a sociabilidade quando complementa a ligação presencial (offline) com os outros
  • Prejudica a sociabilidade quando substitui a ligação offline mais profundo pela on-line mais superficial
  • Melhora a sociabilidade quando a ligação off-line profunda é difícil de obter

Experimente, em vez de se comparar com os outros, escrever em cada dia 5 coisas de que se sente grato. Concentre-se no bem da sua vida e combata esses sentimentos de inveja e baixa auto-estima.

A Internet faz bem ao seu sono?

Não é lá uma grande amiga! O uso excessivo de smartphones, computadores e tablets pode atrapalhar o seu sono. É com eles que acedemos à Internet mas as luzes brilhantes desses dispositivos, enganam o nosso cérebro, bloqueiam a secreção de melatonina, a hormona que regula o sono e perturbam o nosso descanso.

Para um bom sono, desligue a TV, o computador e dê descanso ao seu telemóvel, 30 minutos antes de ir dormir. Oiça um pouco de música tranquila, leia umas páginas de um livro ou converse mais 10 minutos com a pessoa com quem vive. Relaxe e respire, amanhã é outro dia.

E se der descanso à Internet?

Sente necessidade de verificar constantemente o seu email, verificar as notificações e estar actualizado em relação ao que passa com os seus amigos? Fica ansioso se no café ou restaurante não há Wifi?   Tem FOMO? (Fear or Missing Out), medo de ficar de fora? Então  “Tecnologia, temos de falar sobre a nossa relação”.

Dê descanso à Internet, e não deixe que ela tome conta da sua vida. Usufrua do aqui e agora.

“Surfar” na Internet não é uma actividade saudável?

Está constantemente a “navegar” ou “surfar” na internet? Sabe certamente o que é a experiência de andar pelo YouTube, em blogues, notícias, redes sociais, … Quantas vezes começa e se perde de um site ao outro, de um blogue ao outro ou de uma pesquisa à outra? Há tanto para ver e conhecer…. Pois é, pode ser realmente viciante! Encontrar novas informações, sejam elas pesquisadas intencionalmente ou simplesmente descobertas, é uma experiência agradável para nossos cérebros. A Internet é um mundo em que tudo o que se faz provoca uma resposta instantânea – diferente da vida real.

E se o feedback instantâneo se torna um pré-requisito para o bem-estar?

Uma pesquisa encontrou alterações no cérebro relacionadas especificamente com esse tipo de uso excessivo e não específico da Internet. Os homens (o estudo foi com o sexo masculino) que relataram “navegar” na Internet 42 horas por semana, apresentavam sintomas de abstinência perante a privação e incapacidade de controlar o seu uso. Neste estudo verificou-se que estes homens apresentavam um menor volume numa parte especifica do córtex pré-frontal e que está fortemente ligada à má tomada de decisões, ao comportamento aditivo e à força de vontade, semelhantes às observadas quando há vícios de substâncias. As relações de causa-efeito não são, no entanto, claras. As alterações cerebrais podem ser devidas ao uso excessivo da Internet, mas igualmente as diferenças de volume cerebral podem ser uma condição prévia para o uso excessivo da Internet.

Existe uma distinção que pode ser feita entre vícios específicos da Internet, como o vício em jogos on-line e o vício generalizado na Internet. Algumas pesquisas revelaram não ser a Internet que é viciante mas sim as atividades que ela proporciona, como no caso dos vídeo-jogos. Como os adolescentes (12 a 19 anos) e os jovens adultos (20 a 29 anos) são os maiores utilizadores da Internet, assumem um risco maior de uso excessivo da Internet, o que torna  o problema da dependência da Internet  mais relevante para os jovens  nestas idades.

O uso excessivo da Internet não foi reconhecido como uma perturbação pela Organização Mundial da Saúde ou pelo DSM-5 (Manual de diagnóstico de Perturbações Mentais) pois a controvérsia em torno do diagnóstico inclui se a perturbação é uma entidade clínica separada ou uma manifestação de distúrbios psiquiátricos subjacentes.

Tome consciência do seu processo de funcionamento e relação com a Internet e defina limites para a sua “navegação”. Desligue os aparelhos a uma hora determinada todas as noites ou defina um tempo de acesso em cada dia. Peça ajuda especializada se sente que está fora do seu controlo.

Acompanhado pela Internet?

Um estudo com 800 participantes a quem era pedido que ficassem sozinhos com os seus pensamentos durante 6 a 15 minutos levou muitos (até 54%) a fazer batota e recorrer ao telemóvel ou outras formas de distracção. Mais do que para o uso das redes sociais, revelou a incapacidade de ficarem sozinhos e de se  entreterem com os seus pensamentos. Pode ser o processo básico de interacção incessante, positiva ou negativa, em que os viciados em Internet são realmente viciados.

Muito há ainda a perceber sobre o real efeito da Internet e qual a dimensão do impacto na Saúde Mental. No entanto tudo o que é feito de forma equilibrada e não exclusiva favorece o nosso equilíbrio e bem estar.

Quer defina um limite para o uso da Internet todos os dias ou desligue os dispositivos num determinado horário todas as noites, escolha o que escolher, faça o que fizer, reserve bastante tempo para a “vida real”. Será mais feliz e saudável por isso.

Montag, C., Bey, K., Sha, P., Li, M., Chen, Y. F., Liu, W. Y., … & Reuter, M. (2014). Is it meaningful to distinguish between generalized and specific Internet addiction? Evidence from a cross‐cultural study from Germany, Sweden, Taiwan and China. Asia‐Pacific Psychiatry, (7)1, 20-6.

Does Online Technology Make Us More or Less Sociable? A Preliminary Review and Call for  Research. 2018 Jul;  Waytz A1, Gray K2.

Is Surfing the Internet Addictive? New research suggests non-specific Internet use can be an addictive experience. Susan Greenfield Ph.D.

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11 de Setembro, 2022

Adorei o artigo me fez refletir demais

.
4 de Abril, 2020

CONCORDO COM VC. QUE NO INTERIM DE TUDO A INTERNET FAZ BEM…E É UM REQUISITO PRA BOA SAÚDE MENTAL ATUAL…

SALOMÃO SOUSA CARVALHO.
15 de Dezembro, 2019

É uma verdade assombrosa os efeitos que a Internet está a ter na população mundial. Concordo com o artigo quando há um referência à tentativa de obter uma resposta instantânea uma vez que cada vez mais as pessoas se encontram constantemente ligadas. Não há uma real pausa porque nota-se que há aquela ansiedade constante em saber o que é que determinada pessoa se encontra a fazer ou quais serão as notícias MAIS RECENTES. Não há um descanso mental, não há uma procura pela paz interior. Apesar dos constantes avisos dos efeitos nefastos, não da internet mas do seu uso recorrente, as pessoas limitam-se a aceitar a ideia como uma realidade mas simplesmente partilham e continuam o “scroll”. Não interiorizam de facto a ideia. É chocante a passagem que se fez desde à 10 anos para cá, e nota-se imenso no comboio. Mas felizmente nem tudo é mau, e penso que há pessoas que se aperceberam que há toda uma vida fora do mundo virtual. A vida é hoje, é agora e não quando percebermos que a Internet não tem possibilidade de nos dar o que a realidade tem.Pessoas, ar, paisagens lindissimas, seres vivos de todas as espécies e feitios…

Sou da opinião que quem escreveu este artigo deve divulgá-lo de forma mais incisiva, sobretudo na camada mais jovem da população, e não limitar ao site. Porque actualmente os sites já não tem a capacidade de chegar ás populações como tinham antigamente. Hoje são as redes sociais que tem essa força mas ao mesmo tempo é um contrasenso porque vai contra aquilo que escrevi acima, porque a pessoa lê, partilha e faz scroll. Não pensa sequer sobre o assunto. Eu aconselhava a realização de podcasts e não uma simples leitura. Não é visual mas é auditiva e as pessoas irão com certeza prestar atenção.

Parabéns e continuem na divulgação deste conhecimento que tão essencial é à população, e para ver se abrimos os olhos de uma vez por todas.

André Lopes
27 de Novembro, 2019

Muito bom artigo…super interessante

Anonymous
Cristina Sousa Ferreira
Cristina Sousa FerreiraPsicóloga Clínica

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