O que é o Burnout?

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Infelizmente, hoje em dia, ouvimos falar, com frequência no termo Burnout. Mas o que significa esta palavra?

A palavra Burnout corresponde em português a Esgotamento.

Quais os sinais de um Burnout?

Desregulação nos ciclos de sono, insónias crónicas e contínuas, incapacidade de descanso, ruminação constante, flutuações de humor, perdas de memória, irritabilidade, cansaço, falta de energia, picos de ansiedade, desregulação emocional. 

A que se deve o Burnout?

O que origina o esgotamento é sempre um estado acumulado de pressão interna. 

Gostaria de sublinhar a ideia de pressão interna. O que quero dizer com isto? Pressão interna, significa a pressão que uma pessoa coloca sobre si mesma e que poderá estar ou não diretamente relacionada com a pressão exercida no exterior.

Por pressão externa refiro-me, por exemplo, a prazos para cumprir, ordens contínuas por parte da chefia, obrigatoriedade de fazer horas laborais extra.

Contudo, sublinho que poderão existir fortíssimos níveis de pressão externa, mas tal não significa que a pessoa irá colapsar num estado de Burnout.

Se assim fosse, todas as pessoas sujeitas a elevado nível de pressão externa sofreriam de Burnout

Níveis elevados de pressão interna provocam vários estados com um elevado preço para a nossa saúde física. 

A principal área que fica debilitada e que vai provocar consequências a vários níveis, é a área do sono. 

O sono fica gravemente comprometido. 

Níveis elevados de pressão interna provocam um fluxo mental contínuo e incessante, um ruminar cíclico, como que em loop, o que impede o corpo de descansar convenientemente. Os estados de insónia sucedem-se. 

A insónia, por sua vez, conduz a estados de cansaço gerais que provocam instabilidade emocional, flutuações a nível do humor, perda de concentração, irritabilidade, perda de tolerância, estados de confusão, dificuldade de raciocínio e precipitação de pensamento catastrófico. 

O discernimento mental fica comprometido. O corpo está cansado e a mente também. 

Este estado de cansaço geral provoca flutuações a nível do apetite e do desejo sexual. 

O corpo ressente-se fortemente e poderão surgir dores de cabeça, tremores nos olhos, taquicardia, tensões musculares, falta de ar e respiração mais ofegante. 

Este estado de agitação interna também poderá precipitar ataques de ansiedade que poderão chegar a níveis de pânico. 

 Quem poderá sofrer de Burnout?

É errado dizer que qualquer pessoa sujeita a uma elevada pressão externa irá sofrer de Burnout. A probabilidade, ou as condições precipitantes poderão ser favoráveis, mas tal não significa que se vai instalar um quadro desta natureza. 

O Burnout está relacionado com a impossibilidade de descanso. Para descansar precisamos de desligar, de sair do modo de trabalho, de híperfoco, de elevados níveis de concentração. O corpo precisa de relaxar e devemos promover esse estado de equilíbrio. Se tal não acontece, se estamos permanentemente em modo de hípervigilância, de ultrafoco, de elevados graus de concentração, então vamos pagar um preço e o esgotamento poderá ser essa fatura. 

Mas o que acontece para que sejamos incapazes de desligar?

A incapacidade de desligar poderá estar relacionada com duas situações diferentes.

Uma das possibilidades, é existir um estado de trauma, que obriga o corpo a ficar continuamente em modo de alerta, de vigilância, o que poderá conduzir a um estado de esgotamento. 

Outra possibilidade, deve-se a elevados padrões de perfeccionismo, de rigidez, de obsessão, os quais terão na sua base questões relacionadas com temas de responsabilização, culpabilização e de auto-estima condicionada.

Vou procurar explicar melhor: quando vamos para casa, após um dia esgotante de trabalho com múltiplas tarefas por cumprir que deixámos pendentes e continuamos a pensar em loop, ou seja, a pensar incessantemente nessas mesmas tarefas, isso significa que não somos capazes de “desligar”, de nos abstrairmos do assunto.

O nosso cérebro continua a procurar formas de resolver situações pendentes. A manutenção de foco poderá estar relacionada com temas de responsabilização e culpabilização. ” Se eu não resolvo esta situação vou sentir-me culpado!” ou “Tenho de encontrar uma solução para este problema! Não posso descansar enquanto não encontrar uma forma de resolver esta situação!” , etc.

Na base desta imposição interna estão geralmente questões de auto – estima. 

Se aprendemos que o nosso valor interno depende das tarefas que cumprimos, entramos numa situação de auto – estima condicional que poderá ter um preço elevado a pagar. Esta aprendizagem poderá ser implícita ou explicita, ou seja, abertamente verbalizada pelas figuras de vinculação, ou implícita, em que a pessoa aprende que só é valorizada, só recebe afeto e valorização quando cumpre e termina todas as suas tarefas pendentes. 

Este sentido de valorização condicional, torna-se orientador para a pessoa que vai procurar a valorização dos outros no cumprimento das suas tarefas. Se não cumpre as tarefas, se as deixa pendentes, entra num estado de ansiedade, de inquietação interna, de agitação, que se manifesta cognitivamente por um pensamento repetitivo, na procura de soluções que permitam a resolução do problema. Este estado de agitação interna impede o descanso, o relaxamento, o sono e poderá conduzir a estados de esgotamento também conhecidos por Burnout. 

O que fazer se estamos a entrar num estado de Burnout?

Procurar imediatamente ajuda psicológica e psiquiátrica. A iminência de um estado de burnout é uma condição psicológica que requere uma intervenção imediata e eficaz. 

É fundamental compreender se estamos perante um quadro de Stress Pós-Traumático ou não, para poder intervir adequadamente. 

Perante qualquer caso, é fundamental fornecer ferramentas de relaxamento muscular relacionadas com estratégias de respiração que ajudem a pessoa a conseguir relaxar o seu corpo para regularizar os ciclos de sono. 

É fundamental intervir ao nível do Sono e parar o ciclo de insónias. 

E só com o sono regularizado, poderão ser trabalhados outros temas relacionados com a área da Psicoterapia que poderão passar pela aprendizagem de estratégias para conseguir impor limites e impedir o excesso de trabalho, ou passar por trabalhar a culpa e a responsabilização interiorizadas e também os níveis de valorização interna, ou seja a auto-estima. 

Portanto se estiver perante uma situação de Burnout não hesite e recorra sempre a ajuda psicoterapêutica especializada. 

Um abraço 

António Norton  

 

António Norton
António NortonPsicólogo Clínico
2018-05-25T16:17:45+01:0029 de Maio, 2018|
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