Os velhos tempos e a tecnologia

Tempo de Leitura: 6 min

Os velhos tempos e a tecnologia

A velha e a nova forma de comunicar e conectar

Os velhos tempos e a tecnologiaNão preciso recuar muito no tempo … há 30 anos atrás, no século XX, não imaginaria que a tecnologia sofresse uma evolução tão grande e tão rápida. Aqui estou, na chamada era digital, a escrever este artigo para que ainda hoje possa ser publicado e chegue a milhares de pessoas (assim o espero) num clique! Aviso já que não se trata de um texto saudosista de “naquela altura é que era bom” mas pretende ser uma reflexão baseada em factos sobre o impacto da tecnologia nas relações humanas e a empatia. Afinal de contas não podemos e não queremos parar o tempo e devemos aceitar e valorizar a evolução da espécie humana.

Estamos na era da igualdade, da liberdade, da “proximidade”, dos tweets e dos cliques…com um clique apenas podemos expressar as nossas ideias, opiniões que se espalham de forma viral e global! Uau!! Depois da chegada à Índia talvez esta seja a conquista mais importante … a chegada ao Mundo!

A internet e as redes sociais permitiram uma aproximação dos indivíduos, uma partilha global de informação e conhecimento mas também alterou a forma como nos vemos, como vemos os outros e as relações interpessoais.

A tecnologia faz-nos pensar que estamos mais conectados e felizes mas na realidade estamos cada vez mais afastados dos outros.

Expomos a nossa vida online, como somos felizes, comemos bem, viajamos mas por outro lado sentimos cada vez mais que “não somos suficientemente bons, interessantes capazes…”

A nossa vida é um livro aberto e online, como se já não existisse vergonha mas por outro lado somos capazes de envergonhar, atacar e humilhar os outros online, muitas vezes de forma destrutiva. Um estudo recente mostrou que as mensagens que tinham mais tweets e se tornavam virais eram as que continham emoções morais (indignação por exemplo).

Esta facilidade de apontar o dedo é mais fácil do que antigamente: basta um clique e não existe o constrangimento de ter de enfrentar o outro nos olhos (posso fazer sem mostrar a cara, de forma anónima). A era digital alterou a forma como comunicamos e como nos relacionamos com os outros e uma das consequências é que nos sentimos cada vez mais afastados dos outros, mais vulneráveis e menos empáticos.

Os limites entre o individual e o social, entre privado e o público, entre o aceitável e o inaceitável esbateram-se e acho que ainda não foram redefinidos.

O Homem é um ser social desde o início da nossa espécie. Para sobreviver precisava estar inserido num grupo. Hoje não morremos à fome se estivermos sozinhos mas a necessidade de conexão e de integração social continua a ser imperativa. A vergonha é uma emoção social que sempre existiu para nos sinalizar que podíamos estar a transgredir as normas e por consequência perante a ameaça de sermos excluídos do grupo a que pertencemos. Ao longo da história da humanidade temos exemplos, desde Adão e Eva, passando pela inquisição até aos nossos dias, da humilhação pública daqueles que transgridem normas. Hoje a internet e as redes sociais são o veículo (mais poderoso) para fazer essa exposição. No entanto ao longo dos séculos os nossos antepassados também aprenderam com os erros e perceberam que a humilhação pública não era corretiva mas destrutiva. A vergonha pode ser um guia social e moral, um mecanismo de integração quando baseada na livre vontade e enquadrada em valores morais.

Outro aspeto importante quando falamos de relações interpessoais é a empatia. A capacidade para partilhar e compreender as emoções nos outros tem vindo a decair e a tecnologia tem tido um papel principal neste facto. As pessoas que vivem em países onde existe uma maior utilização da internet mostram menor capacidade de empatizar e menor capacidade de confiar no outro. O ser humano está programado para socializar para se conectar afetivamente. As relações online destroem a empatia porque colocamos mascaras e escondemo-nos dos outros (mostramos só as nossas qualidades). Como afirmou Jeremy Rifkin “Não há empatia na utopia porque a utopia não tem sofrimento”.

Estará a pensar que afinal sempre sou a favor dos velhos tempos? Não :) a tecnologia tem inúmeras vantagens. A tecnologia deve ser posta ao serviço do nosso bem-estar e das nossas necessidades essenciais reforçando as características que nos tornam humanamente surpreendentes: Empatia, generosidade, reciprocidade social, respeito, compaixão…

Existem já muitos sites que promovem a empatia, a compreensão, o bem-estar, a conexão, o suporte. Existem sites onde a recompensa não é humilhação gratuita com indicadores de que aquela mensagem teve impacto positivo em alguém. Infelizmente, estes são, ainda, exemplos da exceção e não da regra, mas que nos podem deixar a esperança de tempos de relação humana mais ajustados e conduzidos pela bondade e compreensão.

Já agora, se este artigo contribuiu de forma positiva para repensar o lugar que a tecnologia assume na sua vida e as suas relações diga-mo! O contributo positivo faz bem a quem o dá e a quem o recebe :)

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21 de Novembro, 2019

Gostei bastante desta conversa pelos tempos e pelas relações.

Anonymous
21 de Novembro, 2019

VVitorino
Sónia Anjos
Sónia AnjosPsicóloga Clínica
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2019-11-21T10:31:49+00:0021 de Novembro, 2019|
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