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Crianças transgéneroPrimeira filha biológica do casal Brad Pitt / Angelina Jolie, Shiloh pediu para ser chamada de John desde os dois anos de idade, quando começou a falar. Hoje tem 11 anos, e seus pais falam com naturalidade a esse respeito; além do apoio médico e psicológico, permitem que faça escolhas segundo sua afinidade com brinquedos, cortes de cabelo, acessórios e roupas masculinas.

A publicidade em torno do casal famoso chamou a atenção para uma questão que tem mobilizado a comunidade científica nos últimos anos: afinal, o que são as crianças transgênero?

Transgênero é aquela criança que nasceu com um determinado sexo, mas não se identifica física e psicologicamente com ele, é persistente nesta afirmação e demonstra angústia quando questionada. E isto, além de causar muito sofrimento, em geral pode levá-la no futuro a procurar tratamentos hormonais e até fazer cirurgias para mudar o corpo, tornando-se transexual.

A chamada Disforia de Gênero se refere ao mal estar psíquico decorrente da incongruência entre o gênero biológico e o identificado pela pessoa.

Não é considerado um transtorno mental, não é uma escolha consciente nem uma opção sexual: geralmente a criança se manifesta precocemente, antes mesmo de conhecer as representações sociais de masculino e feminino e de desenvolver a própria sexualidade.

É um assunto extremamente polêmico e muito menos discutido do que deveria. Talvez, por não entendermos exatamente do que se trata, essa condição seja motivo de tantos casos de preconceito.

Os indivíduos transgêneros são estimados em cerca de 0,3% da população de adultos nos Estados Unidos. O Brasil não tem estas estatísticas, mas sabemos que lidera o ranking de países com mais agressões e assassinatos de transgêneros e transexuais.

Pouco se sabe sobre as causas da transexualidade, e muitos dos estudos que foram realizados – particularmente estudos psicológicos – não foram conclusivos.

No entanto, pesquisas recentes trazem algumas informações sobre as suas possíveis bases biológicas.

Sabe-se que o desenvolvimento do cérebro é fortemente influenciado pelo ambiente pré-natal – e a que hormônios o feto está exposto no útero da mãe. Alguns cientistas acreditam que os homens transgêneros feminino a masculino, por exemplo, podem ter sido expostos a níveis inadequados de estrogênio durante o desenvolvimento.

Verificou-se de forma conclusiva que o tratamento hormonal pode afetar muito a estrutura e a composição do cérebro; assim, várias equipes de pesquisa procuraram caracterizar o cérebro de homens e mulheres transgêneros que ainda não haviam sido submetidos a tratamento hormonal.

Os estudos confirmaram descobertas anteriores, mostrando mais uma vez que as pessoas transgênero parecem nascer com cérebros mais parecidos com o gênero com o qual se identificam, diferente do biológico.

Até onde podemos compreender, a identidade transgênero é complexa – é improvável que possamos atribuí-la a um conjunto de causas bem definido e ainda há muito a descobrir. Mas sabemos agora que várias dessas causas são biológicas.

Esses indivíduos não estão sofrendo uma doença mental, ou caprichosamente “escolhendo” uma identidade diferente. A identidade transgênero é multidimensional – mas não merece menos reconhecimento ou respeito do que qualquer outro aspecto da humanidade.

 

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