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O que não nos mataNuma decisão súbita, desafiei o meu filho e apanhei o meu pai de caminho, para passarmos uma hora deliciosa a visitar a oficina de um artesão já de idade, que se dedica a manufacturar gaitas de foles. Faz tudo à antiga – tudo feito à mão, aprendido com a geração anterior. Foi como se tivéssemos viajado no tempo e eu senti-me verdadeiramente em casa. Mágico! Acarinho sempre estes momentos – é como se conseguisse impor-me à depressão, dizer-lhe “Vês? Estou a fazer isto, contigo ou sem ti!”. O regresso a casa foi a sentir-me como se tivesse crescido uns centímetros.

 

O meu telefone começou a tocar na viagem de volta, várias chamadas não atendidas. Regressei a casa para encontrar 3 carros da política, 5 guardas, um alarme de intrusão em alto volume e um cão que mais parecia um lobo à espera para revistar a minha casa. Tinha sido assaltado. O saco de lembranças que o ladrão levou com ela será suficiente para se governar durante muito tempo.

 

Preocupei-me com a minha saúde mental e preocupei-me com a preocupação dos meus filhos. Mas há escolhas. Iríamos sentir-nos amedrontados e tristes e chorosos e alterar a nossa forma de vida? Sim. Isso tudo. Fiquei cheio de medo, tal como os meus filhos, chorámos e mudámos os nossos hábitos de vida. Não consegui dormir no meu quarto, em parte pelo nojo e desconforto, em parte porque ainda existiam provas que tinham de ser processadas pela equipa forense.

 

O que não nos mata

Mas depois, um ou dois dias mais tarde, assumimos o controlo da situação. Sempre assumir que seria possível que a casa fosse assaltada e sempre disse que viessem quando ninguém estivesse em casa. Por isso, de certa forma, o meu desejo foi realizado, já que estávamos fora. Não ficámos feridos, apenas ficámos sem objectos e não precisamos de objectos, por mais valiosos e estimados que fossem. Quase conseguia ouvir a minha avó: “não os podes levar contigo!”, o que me fez sorrir por sentir a sua presença ainda comigo.

 

Recebemos tantas mensagens. Carinho da família, empatia dos vizinhos, consolo dos conhecidos no Facebook, e até um desconhecido no Twitter a mostrar o seu apoio – pequenos actos mas tão preciosos que me fizeram aperceber que enquanto quem nos roubou terá, provavelmente, pela frente uma vida em fuga, balizada pelo medo de ser descoberto, com zero apoio e felicidade limitada, nós, por outro lado, temos a felicidade do apoio e possibilidade de escolha sobre o que acontece a seguir.

 

Por termos tido uma pessoa não convidada nas nossas vidas, tivemos, em contrapartida, tantas outras que nos querem bem e estiveram lá para nós. Eu escolho assumir isso como fonte energética na minha vida, para que a minha velha amiga Depressão permaneça apenas sentada ao meu lado, em vez de me comandar. Parece que nesta semana sou eu quem está a ganhar.

 

A minha sugestão? Erga-se! Cerre os dentes e planeie como quer que o seu dia decorra. Mesmo que a escolha seja extremamente limitada, há sempre uma escolha!

 

O quarto sobre a garagem

Um utilizador da Moodscope

Artigo livremente traduzido por Madalena Lobo, com autorização da Moodscope, o aplicativo que o pode ajudar a gerir positivamente as emoções