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Quem já não teve a sensação de “borboletas no estômago”? Quem já tomou decisões baseadas no seu “gut instinct” (instinto)? Usamos expressões como estas para descrever situações em que as sensações no nosso estômago ou intestino são sensíveis às emoções.

Na realidade, zanga, ansiedade, tristeza e altivez são emoções que desencadeiam uma reacção física no nosso sistema gastrointestinal. Porquê? Porque o nosso intestino é de uma complexidade incrível. É constituído por uma rede de cerca 100 milhões de neurónios, sendo o único órgão que tem um sistema nervoso independente – o sistema nervoso entérico (SNE), também apelidado de “segundo cérebro”.

O SNE é constituído por neurotransmissores, e a investigação sugere que a sua função transcende o simples controlo das funções intestinais e digestivas, existindo uma interligação estreita entre os neurónios do nosso cérebro e os do SNE. Isto significa que o nosso “segundo cérebro” tem um papel predominante nos nossos estados mentais e emocionais, na nossa saúde no geral. O factor diferenciador entre o funcionamento dos “dois cérebros” é o facto de o SNE não actuar ao nível consciente, e não estar envolvido em tarefas cognitivas como pensamento e tomada de decisões, mas sim funcionar a um nível mais primitivo, com uma base sensorial e emocional.

Embora esta relação entre emoção e sistema gastrointestinal ainda não seja totalmente compreendida, é um tema no mínimo fascinante e intrigante, que em muito pode contribuir para compreender melhor como podemos ajudar o nosso corpo a aumentar os níveis de bem-estar quer físico quer emocional, que cada vez mais se comprova serem inseparáveis.

Susanne Marie França – Psicóloga Clínica