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Elas e o sexoQuando se fala em sexualidade e, principalmente, em problemas ou dificuldades sexuais, ouve-se muito falar sobre disfunção erétil e ejaculação precoce – as duas grandes disfunções sexuais masculinas. Até há pouco tempo, estas disfunções sexuais eram vistas como grandes calamidades para a masculinidade e para o relacionamento do casal, ganhando um foco ainda mais evidente com o surgimento de fármacos específicos para o desempenho sexual masculino.

 

Contudo, elas também falam de sexo, querem sexo e têm problemas com o sexo!

Existem várias disfunções sexuais características do sexo feminino. As mais comuns na população geral são: o desejo sexual hipoativo, a perturbação do orgasmo feminino e a dispareunia.

Em termos de diagnóstico, o desejo sexual hipoativo demonstra-se por uma redução significativa do desejo sexual ou das fantasias sexuais, enquanto que na perturbação do orgasmo feminino existe um nível de desejo sexual adequado, embora seja difícil atingir o orgasmo ou este não exista de todo. Por sua vez, a dispareunia é uma disfunção sexual de dor, isto é, caracteriza-se pela presença de dores intensas durante atos sexuais.

 

Em todas estas disfunções (e até nas restantes que não são aqui exploradas), existem determinados pensamentos ou sentimentos, relacionados com o sexo, que influenciam o desenvolvimento e a manutenção dos problemas sexuais. Estes pensamentos (ou crenças disfuncionais) podem ser de vários tipos e funcionam como uma auto-censura que as mulheres colocam sobre si mesmas.

Podem incutir sentimentos de culpa sobre o ato sexual (e.g. “eu não deveria estar a fazer sexo, sem estar casada com esta pessoa”; “eu não devo demonstrar demasiado prazer sexual, porque posso parecer oferecida”), podem ser de cariz ansiogénico (e.g. “eu sei que vai doer quando me penetrar”; “tenho de conseguir um orgasmo desta vez, senão vai perder o interesse em mim”; “e se eu engravido, mesmo tomando todas as precauções?”) ou até influenciados por uma educação mais rígida e tradicional (“uma boa rapariga não faz/recebe sexo oral”; “o sexo anal é pecaminoso”; “o sexo só serve para a reprodução”).

 

Em suma, todos estes pensamentos, que podem ocorrer antes, durante ou após o ato sexual, influenciam o à vontade, a motivação e a estimulação da mulher, quando está com o seu parceiro ou a sua parceira. E são muito mais comuns do que se possa pensar: quem nunca teve alturas em que não se sentia bem com a sua sexualidade? Quem nunca teve uma fase onde lhe era difícil atingir o orgasmo e ficou preocupada com isso?

É verdade, não são apenas os homens que sofrem com problemas sexuais, também nós encontramos alguns obstáculos à nossa liberdade sexual, quer por motivos orgânicos, quer psicológicos.

Autora: Catarina Cunha

Psicóloga Clínica