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Joana Fonseca

Joana Fonseca

No século XVII Descartes afirmou “Cogito, ergo sum”, que em Português significa “penso, logo existo”. O filósofo e matemático questionava a sua existência, e chegou à conclusão de que, se é um ser pensante, então existe, porque ao pensar tem consciência de si próprio.

Contudo, esta existência enquanto ser pensante nem sempre é pacífica. Já lhe aconteceu ter um pensamento que surge constantemente de forma ruminante? Ou então ser inundado de pensamentos quando só queria descansar? Alguma vez sentiu que não controla o que pensa?

O nosso cérebro, por vezes, prega-nos “rasteiras”, isto acontece por exemplo na percepção visual com um truque e magia, mas também pode acontecer com os pensamentos. As nossas emoções ou crenças podem distorcer os nossos pensamentos, dando-nos a sensação de que não o podemos controlar. A estes pensamentos, que não controlamos, podemos chamar pensamentos automáticos.

O pensamento automático surge perante um estímulo, algo que o provoca. Por exemplo, se eu estiver triste, um filme que não tenha um final feliz pode ser um estímulo para pensar: “Nunca vou ser feliz”. Contudo, se começar a dar atenção, tornando-se observador de si próprio, pode começar a perceber quais os estímulos que provocam os pensamentos automáticos que o preocupam.

Não podemos ganhar controlo daquilo que não conhecemos, por isso o segundo passo será sempre conhecer bem o pensamento, perceber se existe a hipótese de ser um pensamento distorcido, isto é, não adequado à realidade.Por exemplo, se hoje tiver um exame difícil, e estiver a sentir ansiedade é natural que surja o pensamento: “Se falhar neste exame nunca vou conseguir tirar o curso”. Neste caso o pensamento é enviesado, pois o facto de falhar num exame não significa que não consiga tirar o curso, é uma sobregeneralização.

No caso de o pensamento ser distorcido, então o terceiro passo será questioná-lo, internamente fazer perguntas que possam provar a si próprio que o pensamento não corresponde à realidade. Por exemplo, perante o pensamento: “Tenho medo que este avião caia”; posso perguntar: “Mas qual a probabilidade de isso acontecer”.

O último passo será encontrar um pensamento melhor, que possa substituir o anterior. Por exemplo, se num jantar há uma pessoa que não pára de olhar para si, em vez de pensar, por exemplo: “Talvez tenha uma nódoa na roupa”; experimente pensar: “Talvez aquela pessoa ache a minha roupa bonita”.

Os pensamentos são apenas isso, pensamentos. Não deixe que eles o ocupem de uma forma que não controla. Encontre o que provoca o pensamento, explore o pensamento, questione-o e encontre um pensamento mais adequado. Se não o conseguir fazer sozinho peça ajuda a um psicólogo. O mais importante é que se sinta bem com os seus pensamentos, que encontre com eles uma existência saudável, para que possa dizer com tranquilidade: “Penso, logo existo”.