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Desde o momento em que nascemos, passamos a vida a desempenhar papéis sociais. Somos o filho, o aluno, o desportista, o namorado, o tio, o colega, o marido, o tipo porreiro, o caixa de óculos, o pai, o amigo, o avó, o quadro de honra. Cada um deles são escolhas deliberadas que fazemos. O mais difícil, como em qualquer escolha, é descartar a possibilidade contrária a ela mesma. Por outros termos, quando elegemos as várias trilhas pelo nosso caminho, estamos a pôr de lado outras. Somos a vida que escolhemos mas também, e de forma indirecta ou até directa, somos aquilo que não escolhemos. Ou melhor, que escolhemos não ser. O que nós não fomos é também parte do que somos hoje. E essa constitui uma pequena perda que pode não nos deixar em paz.

Então criamos formas de os ter aos dois. Por exemplo, máscaras. Criamos máscaras. Fingimos ser o que não somos. Para quem? Até quando? Vamos sorrindo para quem não gostamos, vamos aceitando pressupostos que vão contra os nossos princípios, dizemos sim quando queremos dizer não. Branco em vez de preto.

Quando acaba a máscara da simpatia e do “socialmente exigido” e começa a máscara do Ser? Quantos de nós não as confunde? Por mais que seja necessário para nos mantermos em relação de pares, não devemos estipular um limite de autenticidade? Não devíamos querer ser nós mesmos o máximo que conseguirmos? Não digo a honestidade na sua totalidade, isso não é fácil. Não seria sequer verdadeiro. Convinhamos, nem connosco somos, nem para nós mesmos admitimos algumas verdades, quanto mais para o outro. Mas como são, então, as relações que estabelecemos ao longo da vida? Que padrão vamos criando? Pergunto: quantas máscaras temos? E ao tirá-la(s), o que vemos quando olhamos ao espelho?

Pare e olhe-se ao espelho.

Tem tempo.

Somos mais do que máscaras que se usam e descartam. Temos em cada um de nós emoções e sentimentos genuínos. Encontrar essa verdade, por mais buliçoso que seja, poderá significar ser mais autêntico connosco e com os outros.

Sofia Alegria – Psicóloga Clínica