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“Tão importante quanto conhecer a doença que a pessoa tem, é conhecer a

pessoa que tem a doença”

 

William Osler

 

André Viegas

André Viegas

O cancro da mama continua a ser, a nível europeu, o cancro com maior incidência nas mulheres, com cerca de 370 000 novos casos por ano e com uma mortalidade estimada de 129 900 casos. Relativamente aos outros países da Europa, Portugal encontra-se a meio da tabela, apresentando uma incidência de cerca de 37,2% e uma taxa de mortalidade de 20,6%, sendo, também, o cancro da mama que tem os maiores níveis de incidência no sexo feminino (Ferlay, Autier, Boniol, Heanue, Colombet & Boyle, 2007).

Sendo uma doença oncológica, desde o diagnóstico até à fase de follow-up, a mulher passa por uma experiência potencialmente traumática que pode envolver e influenciar vários aspetos do seu funcionamento psicológico (culpa, frustração, alterações da imagem corporal, medo da morte, sentimentos de perda de controlo) ao mesmo tempo que perceciona alterações ao nível hormonal, físico, social e sexual, o que tem um grande impacto na sua qualidade de vida

As preocupações que a mulher tem mais presentes desde o início deste diagnóstico são:

  • As inquietações acerca da morte;
  • O Sentimento de vulnerabilidade e perda de controlo sobre a vida;
  • O medo da dependência, do abandono e do isolamento;
  • O receio da desfiguração, a alteração da auto-imagem;
  • As preocupações acerca do grau de incapacidade e das disfunções sexuais;
  • As alterações nas dinâmicas familiares e sociais;
  • A dor e desconforto físico.

 

Todas estas preocupações, que compõem o sofrimento emocional associado à doença, fazem parte da resposta normal aquando da existência de um acontecimento potencialmente devastador como o diagnóstico de um cancro.

Como tal, o sofrimento psicológico é multifactorial, de natureza psicológica (cognitiva, comportamental e emocional), somática, social e espiritual, sendo vivido como uma experiência desagradável que pode interferir com a capacidade de lidar efetivamente com o cancro e com as suas implicações (Kornblith, 1998; McEvoy & McCorkle, 1990)

Sendo um percurso individualizado, diferente de mulher para mulher, dentro de cada fase da doença cada mulher sentir-se-á afetada de forma distinta.

Considerando todo o percurso da doença, existem três momentos de grande peso para a mulher: o momento inicial de crise centrado na deteção e diagnóstico de um sintoma (que passa de suspeito a confirmado); o momento em que se selecionam os tratamentos (se serão mais ou menos invasivos; quais os efeitos secundários); e o follow-up após tratamentos (insegurança e receio da incidência) (Rowland & Massie, 2010).

A cada etapa e trajetória do cancro, corresponde um determinado estado emocional, influenciado por diversos fatores, que pode incluir sentimentos de desafio, choque, medo e ansiedade, tristeza, raiva, aceitação, culpa ou vergonha

Normalmente, estas respostas são adequadas ao período crítico pelo qual estão a passar, sendo a perceção de suporte fundamental, como por exemplo e fundamentalmente a perceção do apoio familiar.

Contudo, quando as respostas emocionais se tornam intoleráveis ou perturbam o funcionamento psicossocial da mulher, o seu sofrimento deixa de ser adaptativo e requer acompanhamento psicológico.

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