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Perturbação bipolar na adolescência?

Todos nós experimentamos mudanças no nosso humor: uns dias estamos mais irritáveis e frustrados, noutros sentimo-nos felizes e enérgicos. Na adolescência, estas mudanças de humor são ainda mais comuns e intensas, por isso, como é possível distinguir alterações do humor “normais” de uma perturbação bipolar num/a adolescente?

A perturbação bipolar reveste-se de uma complexidade extrema, sendo um dos mais difíceis diagnósticos em saúde mental. Distingue-se, sobretudo, pela presença de episódios maníacos, caraterizados por uma disposição anormalmente expansiva, positiva ou irritável, da redução de necessidade de dormir, de um aumento desmedido e repentino da autoestima, de picos de intolerância à crítica à frustração, de períodos de produtividade excessiva e inesperada, de um discurso “saltitante”, acelerado e pouco coerente, de distratibilidade aumentada, ou mesmo de comportamentos de risco como gastos excessivos, picos de promiscuidade sexual, ou a ausência de perceção de perigo. Estes picos alternam com estados depressivos e com momentos de normalidade, em que tudo está como esteve antes de surgir a perturbação. Estes momentos podem variar na sua duração e no tempo que decorre entre cada um deles. E este é um dos aspetos que torna difícil o diagnóstico.

Apesar desta dificuldade, a maioria dos estudos tem vindo a estimar que cerca de 1% da população mundial possa sofrer desta perturbação. A idade habitual de aparecimento da perturbação bipolar situa-se na casa dos 20 anos, início dos 30. No entanto, estudos recentes têm vindo a apontar um número crescente de casos na adolescência.

Assim, adolescentes que sofrem de perturbação bipolar apresentam uma combinação de humores extremamente altos (mania) e baixos (depressão). Se um dos pais ou ambos tiverem esta perturbação, as probabilidades do/a jovem a desenvolver também aumenta entre 5 a 10%. Os sintomas da perturbação podem ser diferentes dos que normalmente surgem nos adultos, com as mudanças de humor a surgirem muito mais rapidamente e com os períodos de mania e de depressão a não serem tão distintos. As mudanças também parecem ocorrer de forma inesperada e não respondem aos esforços dos pais para as solucionar. Finalmente, os/as jovens com perturbação bipolar ficam assustadas e confusas com os seus próprios estados emocionais e, muitas vezes, sentem remorsos pela dor e preocupação que causam aos outros nesses momentos.

Os sintomas maníacos podem ser:

  • Mudanças severas de humor comparativamente com outros da mesma idade;
  • Autoestima elevada mas irrealista;
  • Aumento abrupto da energia e capacidade para passar vários dias sem dormir ou se sentir cansado;
  • Discurso rápido, intenso e com mudanças súbitas de tema;
  • Aumento da distratibilidade, mudando o foco de atenção constantemente;
  • Comportamentos de risco acompanhados de crenças de que não lhe serão prejudiciais.

Os sintomas depressivos podem incluir:

  • Tristeza persistente, choro incontrolável;
  • Perda de entusiasmo na realização das atividades preferidas;
  • Queixas físicas frequentes;
  • Diminuição intensa de energia, baixa concentração;
  • Mudanças significativas nos hábitos alimentares e de sono.

Alguns destes sinais são semelhantes aos que ocorrem em adolescentes com outros problemas, como abuso de drogas, delinquência ou perturbação de hiperatividade com défice de atenção, por isso, o diagnóstico deve ser feito através de uma observação cuidada durante um período de tempo extenso. Também é necessário lembrar que a criança ou o/a adolescente com perturbação bipolar pode apresentar comportamentos distintos em casa e na escola, contribuindo para a dificuldade do diagnóstico. É de esperar que em casa os sintomas sejam mais evidentes, pois os estados emocionais tornam-se mais difíceis de controlar quando se está cansado (manhã ou noite, momentos em que habitualmente se encontra em casa), quando se está stressado com as dinâmicas familiares ou quando se está sujeito às responsabilidades diárias. É ainda neste contexto que surgem com maior probabilidade sentimentos negativos, como raiva, angústia ou frustração, uma vez que se encontram na segurança e na privacidade da sua casa e da família mais próxima.

Uma vez que só muito recentemente se começa a diagnosticar perturbação bipolar em crianças e adolescente, não há dados ainda que permitam prever a evolução da doença quando diagnosticada tão cedo. Contudo, sabe-se que a puberdade é um período de risco acrescido para indivíduos com vulnerabilidade genética. Ainda assim, os/as adolescentes com perturbação bipolar podem ser tratados eficazmente, incluindo psicoeducação sobre a doença, medicação e psicoterapia. Os pais e restante família também devem ser apoiados para que, compreendendo melhor a perturbação, consigam ajudar o/a filho/a no seu quotidiano.

Autora: Andreia Cabral

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