Tempo de Leitura: 2 min

Lembra-se da primeira parte desta conversa? A glucose é essencial para nos mantermos vivos. Se baixar para níveis críticos, o cérebro faz aquilo para que lhe pagamos: esforça-se para nos manter vivos. E, como já sabe, o cérebro é um órgão muito alarmista, por isso, assim que detecta que os níveis de açúcar no sangue desceram abaixo do limiar de segurança, faz disparar o alarme de incêndio, da mesma forma que o faz se entender que o que está à sua frente é um enorme urso pardo (o cérebro não é lá muito criativo na forma como nos deixa preparados para enfrentar o perigo, seja ele um urso ou baixo açúcar no sangue).

 

Com a continuidade de uma dieta rica em açúcar e hidratos de carbono complexos o organismo, apercebendo-se da fartura, toma as suas medidas: vai diminuir os receptores de insulina que existem nas membranas das células. Ou seja, diminui as portas de entrada, para impedir que o “mordomo” insulina leve demasiada glucose para dentro de “casa”. Cria-se, assim, um estado de resistência à insulina: há glucose a correr nas veias e insulina para a conduzir, mas as células não deixam entrar as quantidades habituais. E, imagine o que vai acontecer? As células deixam de receber a energia ao mesmo ritmo que recebiam, e dizem ao cérebro que estão famintas, privadas do combustível que as faz funcionar. E o cérebro toca o alarme, e dispara com catecolaminas no organismo, para nos deixar aptos a lidar com este perigo. E você pergunta: “catecola…quê?”. Bem, as mais importantes são a adrenalina, a noradrenalina e a dopamina! Isso mesmo: os mesmos neurotransmissores responsáveis pela reacção ao stress, aqueles que nos deixam à beira de um ataque de nervos! A adrenalina, muito particularmente, permite transformar o glicogénio do fígado em glucose, por isso, neste caso, tem uma função dupla: deixa-nos preparados para lutar ou fugir (reacção ao stress) e repõe os níveis de açúcar no sangue que o cérebro tem medo que nos estejam a faltar à sobrevivência.

 

Pela descrição, é razoável admitir que parte da sua sintomatologia de ansiedade possa ser atribuída a uma reacção de alarme para repor níveis correctos de açúcar no sangue: ou por estar a fazer uma alimentação que o(a) deixa privado(a) de açúcar (refeições muito espaçadas, por exemplo) ou por estar a fazer uma alimentação com demasiado açúcar (situação em que o organismo fecha as portas à entrada de mais açúcar nas células e, depois, se queixa desse mesmo facto).

 

O importante, no que diz respeito a este tema, é manter os níveis de açúcar estabilizados, para evitar a montanha russa emocional correspondente ao ciclo de felicidade da serotonina/ansiedade da falta de energia.

Agora que está trocado em miúdos o tema do açúcar, passemos à parte prática: gradualmente, altere os seus hábitos alimentares (e porque é que eu disse “gradualmente”? Porque sou boazinha???? Nãããão! Porque, se resolve ser radical, o seu organismo não vai gostar, e serve-lhe adrenalina para a sobremesa…).