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[h1]Variabilidade de frequência cardíaca[/h1]

Sabia que as células, tecidos e órgãos do corpo humano, em particular o coração, não mantêm um estado estático ou estável? A variação do ritmo cardíaco tem ganho atenção no mundo médico surgindo cada vez mais aliada à capacidade de auto-regulação e qualidade da saúde.

O coração é um órgão que apresenta células com um ritmo próprio, capazes de gerar potenciais de ação, responsáveis pelo estabelecimento da frequência cardíaca cujo controlo é feito, em parte, pelo Sistema Nervoso Autónomo (SNA). Este por sua vez está dividido em duas áreas que têm ações antagónicas entre si:

  • O sistema simpático promove o aumento da frequência cardíaca
  • O sistema parassimpático promove a sua diminuição

Tratando-se de uma regulação coordenada pelo Sistema Nervoso, as modificações na frequência cardíaca surgem como respostas normais do organismo a estímulos fisiológicos e ambientais tais como: respiração, exercício físico, stress, alterações metabólicas, sono e desordens induzidas por doenças.

A descoberta da relação entre o sistema nervoso autónomo e mortalidade por doenças cardiovasculares levaram à realização de estudos acerca do aumento da atividade simpática e redução da atividade parassimpática (o que acontece em diversas patologias do sistema cardiovascular), bem como à tentativa de se encontrarem marcadores quantitativos da atividade autónoma cardíaca, para que pudessem existir medidas mais objectivas e “visíveis”. E é aqui que entra a Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC), como o marcador mais promissor.

Mas o que é isto da Variabilidade de Frequência Cardíaca? Bem, no fundo, reflecte  as oscilações entre os intervalos dos batimentos cardíacos e pode ser medida por eletrocardiogramas, conversores analógicos e cardiofrequencímetros.

[h1]Aplicabilidade clínica da variabilidade de frequência cardíaca[/h1]

Conhecer os índices da VFC é de extrema importância para a compreensão clínica acerca de determinadas variáveis fisiológicas, pois aumentos na variabilidade indicam uma boa adaptação fisiológica do organismo e da sua manutenção, ao passo que reduções de variabilidade têm sido apontadas como preditores de doenças ou de problemas em pacientes com doenças já conhecidas.

Por exemplo, foram encontradas perturbações nos índices de VFC em pessoas que sofrem de  situações tão diferentes quanto anorexia, asma ou condições ansiosas, o que faz pensar que  níveis ótimos de VFC  refletem um funcionamento saudável e, portanto, uma boa capacidade de autorregulação, adaptabilidade e resiliência. Como nota a sabedoria popular, que considera a virtude a ocupar os pontos centrais, também a VFC parece ser de se manter de uma forma não extremada, ou seja, a boa variabilidade não é nem demasiado elevada, nem demasiado baixa. Embora geralmente quanto maior a VFC melhor, demasiada variabilidade ou instabilidade – como arritmias – prejudica um funcionamento fisiológico eficiente. Por outro lado, variabilidade de menos indica desgaste do sistema relacionada com a idade, stress crónico, alguma patologia ou funcionamento inadequado do sistema de autorregulação.

Assim o estudo da VFC constitui-se como uma importante ferramenta de avaliação e predição do funcionamento do organismo em condições normais e patológicas, proporcionado a implementação de estratégias pelos profissionais de saúde no sentido de prevenirem, detetarem precocemente ou regularem um conjunto de patologias.

Sabia que facilmente se consegue gerir a VFC? Algo de tão importante na saúde, como tem vindo a ser concluído, e que se consegue regular com uma pequena aprendizagem, será uma boa notícia, não? Por exemplo, na TopClinical trabalhamos com um pequeno aparelho de biofeedback que ajuda qualquer um a perceber como está a sua VFC e a encontrar uma forma instintiva de a regular.

Autora: Filipa Jardim Silva

Psicóloga Clínica