Vários são os panos de fundo que remetem para a inevitabilidade de alterações funcionais diversas nos indivíduos que trabalham por turnos. Neste tipo de população é indiscutível a existência de distúrbios do sono, mais concretamente, distúrbios dos ritmos circadianos, do ciclo sono-vigília e do ciclo luz-escuridão.
Num mundo cada vez mais globalizado, milhões de pessoas vivem em condições de débito crónico de sono e de dessincronização dos seus ritmos e de periodicidade ambiental (ciclo luz-escuridão). Estes indivíduos são assim confrontados com a exigência de uma adaptação para deslocarem as suas horas de sono para o período diurno, de uma forma alternada e rotativa ao longo do ano, com consequências várias para a saúde (Reis, R., 2004).
De facto, o ser humano evoluiu como uma espécie diurna, sendo que a exigência de troca de ritmo implica uma rutura entre o relógio biológico e os mecanismos temporais externos ao indivíduo (Barton, 1994).
Existe assim o deparar com um conflito entre este ritmo antinatural mas que ao mesmo tempo é necessário. A indústria não pode parar, médicos e enfermeiros têm de estar nos seus turnos noturnos, taxistas têm de continuar a fornecer serviços de viagens de noite, os agentes policiais têm de rastrear a segurança noturna, assim como tantos outros profissionais que ficam acordados em horas em que deveriam estar a dormir. Em nome do progresso e do bem-estar, muitos têm de pagar um preço que coloca em risco a sua própria saúde (Mol, J., 2010).
De acordo com várias investigações, tem-se observado implicações em termos de sofrimento psicológico, nomeadamente com o desenvolvimento de sintomatologia ansiosa e depressiva. São também descritos maiores índices de morbilidade gastrointestinal, cardiovascular (sobretudo hipertensão), absentismo e acidentes de trabalho (Silva & Silvério, 1996).
Cabe aos cientistas da área, e a todos nós, procurar sempre soluções voltadas para o bem-estar, o que significa vigília e sono em quantidade e qualidade adequadas.
